segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

222. Arco

Com o piano soando desde o outro quarto, repicando docemente, escrevo um adeus a este ano. Que muito me ensinou e que nada prometeu.

Poderia pedir que nunca se acabasse - mas logo Gonzalo vai embora e também a última chispa de mais um arco da minha vida.

Sejam todos o mais felizes que possam.

sábado, 17 de dezembro de 2011

221. Uma canção pra você

E aproveitando o mood de decepção, vamos falar de mais. Pesticidas, tragédias radioativas, doenças incuráveis, sua vida. Vamos falar de como você - estou olhando pra você - vai acabar sozinha no mundo, sem amigos e sem perdão.

De como as pessoas cansam. Amiga, se você promete é pra cumprir. Sorte minha que aprendi na marra e não vou chorar porque não me tratam como eu gostaria, depois de dar o coração. Sorte minha que posso ser igual a um bebê com você: quando você está diante de mim, existe e me importo; se sai do meu campo de visão, fim. Igual você faz comigo.

Vamos falar de como você está no caminho que eu segui já há tanto tempo, e que não valeu nada. Vamos falar de como você ainda não sabe o que significa estar só. Vamos falar de como o mundo gira e gira, e vamos falar, quando você decida falar comigo por vontade própria.

Mas estamos vivos ainda. E quem sabe um dia eu escrevo uma canção pra você.

220. Espelho

De todas as coisas que você poderia ter feito, essa é uma das que eu jamais imaginaria. De todas as palavras que você poderia ter dito, essas eram a que eu menos esperava. Você tem 22 anos, não 15. Você não viveu perigosamente porque não quis. E já tem idade suficiente pra entender que isso não vai te puxar pra cima, nem pros lados, apesar de todos os ciclos fechados.

Minha única esperança: você veio falar comigo, e sabia exatamente como eu reagiria. Sempre fomos assim, espelhos uma da outra, indo ao infinito. Sempre soubemos como ler uma à outra, sempre nos entendemos.

E porque sabia o que eu diria, queria ver se poderia se justificar. E vai continuar me contando, espero eu. Minha consciência é importante pra você, talvez porque seja a sua consciência através do espelho.

Ser o reflexo é tudo o que posso fazer, minha amiga. Espero que seja suficiente.

sábado, 3 de dezembro de 2011

219. Deveriam

Eu até estava feliz. Cruzei com uma pessoa aleatória no campus e ele sorriu pra mim. Sabe aquele sorriso de quem aprecia alguma coisa? Pois é, sorriu pra mim assim. Pela primeira vez, me senti sinceramente bonita.

Eu até estava feliz até me dar conta outra vez de que não sou. E que é, realmente não tenho carisma nenhum, e que é, eu sou boa pessoa e as pessoas deveriam se aproximar mais de mim e descobrir que sou legal, mas né?, quem se paroxima de quem não tem presença nenhuma.

Não vou dizer que pra alcançar a felicidade é necessário ter um bom marido. Não vou dizer porque não é verdade. Mas assumir que as chances de que uma boa pessoa se aproxime de você e te queira pela insossa que você é são quase nulas tem de ser o caminho pra paz interior. Não se pode ter tudo. Não importa o quanto você queira, você nunca vai ser a princesa. Há que admitir isso, viver com isso. E que mesmo que um homem cruze seu caminho outra vez, não se deve ficar com ele só porque ele te dá bola. Há que ser forte, porque ele pode te fazer mal. Mas pra isso é necessário ter em conta que você vale mais do que sua aparência.

Eu valho, sim. Mas ainda me falta isso, esse detalhe muito importante que corresponde à metade do sucesso em qualque interação social. Que vai fazer com que eu seja sozinha, sabe? Mas pelo menos estou tentando deixar de ser patética.

sábado, 26 de novembro de 2011

218. Anunciada

E para coroar, uma morte anunciada de alguiém que vale mais que metade das pessoas de conheço. O único que depende de mim, o único que cresceu dentro de mim, sem querer, e se tornou quase um filho. O único a quem pedi que não morresse enquanto estou aqui. A quem pedi que me esperasse.

Ainda há esperança, mas não quero me agarrar a fiapos. Ademais, a esperança de viver está ligada a uma vida de tristeza. Eu queria que ele me esperasse apenas para que pudéssemos nos despedir e ficar em paz, porque eu sei que ele não estará em paz se eu não estiver. Eu sei que ele, sim, me quer. Mais que tudo. E eu o quero tanto.

Ele, o único porém nos planos de vir ao outro lado do mundo, o único pânico. A única coisa que me faria ficar nessa idade em que tudo é descobrir. Mas eu ignorei e vim, e agora ele vai morrer e eu não poderei estar a seu lado. Queria acariciá-lo mais uma vez. Dizer que tudo está bem, que estou aqui, que nada ruim vai acontecer enquanto eu estiver. Que vou dizer a papai do céu que cuide de você. Queria que você me abraçasse mais uma vez. Queria cantar pra você, sua cabeça no meu colo e esperar que, na próxima vida, você se lembre da minha voz.

E faço o único que posso fazer, a única coisa, o único trunfo real - real?? - que tenho: peço a Deus como nunca pedi antes que o mantenha vivo. Que, por favor, o faça esperar minha volta. Que me aguarde pra eu poder dizer adeus. O pobrezinho não sabe rezar, mas deve estar lutando pra resistir até meu retorno. E que seja feita a Sua vontade, e que espero que seja a mesma que a minha. Amém.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

217. Levantar

Há algumas coisas que gostaria de saber, outras que gostaria de confessar. E cheguei naquele ponto que falamos antes: o de estender a mão e o outro não querer segurar, mesmo reconhecendo que a situação está má. O paradoxo da miséria e o regojizo da própria miséria, chafurdando na dor e na inércia. Eu também tenho isso, mas você disse uma coisa muito verdadeira que me fez refletir, no meu caso. Já tinha pensado nela antes, mas é diferente quando alguém vem e te diz isso. É diferente quando alguém que você gosta começa a se aborrecer e te manda levantar.

E eu não sei como te mandar levantar. Não sei como mandar nenhum dos meus queridos levantar. A mim, que falta mel nas palavras, não sei fazer com que os meus acordem. E me dou conta do insignificante que sou. Não posso curar meus amigos, nem sou tão importante a ponto de eles se curarem por mim. De fazerem algo pelo fato de que a mim sim me importa. Ninguém é tão importante a ponto de desembaraçar o outro.

Naquela tarde momentaneamente mágica, voltando de Madri, comecei a me dar conta. E agora mais uma vez isso me atinge. A amizade é fantástica, mas tem limites. A amizade alivia, mas não cura. Nenhum amigo pode matar o diabo, só pode esperar do lado de fora dos portões do inferno. E depois de tanto conversar com todos eles, tudo o que posso fazer é rezar, porque não posso fazer NADA.

Nada de nada de nada de nada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

216. Trapézios

Hoje vi mais coisas lindas. Trapézios, ilusões em luzes. Mais um sonho se realizando, mais um tempo com um sorriso estampado no rosto.

Mas ao mesmo tempo, acho que hoje eu fiquei um pouco mais adulta. Deu pra sentir.

Não é muito agradável.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

215. Tinieblas

A veces dudo.

Ya debería haber dejado de dudar, pero aún así me asalta la incertitumbre. Hoy leyendo ese libro de la chica de las tejas verdes, lloré muchas veces, por dentro.

A veces dudo. A veces me gustaría leer los pensamientos de la gente. A veces me gustaría que me tragara la tierra. Y a veces deseo nunca haber nacido.

Son los peores días. Cuando dudo de la vida e pienso como sería el mundo se hubiese un ctrl+z en mi existencia. Normalmente es un pensamiento neutro, pero a veces es terrible. Y pienso en las cosas que creo haber hecho mal.

Y dudo. Dudo ahora, sigo dudando. Y aunque eso pase, como pasan las nubes por delante de la luna - aunque no sea la niña triste de antaño - en el momento es simplemente la cosa más vacía y triste del mundo. Mirar hacia atrás y ver un camino recto. Mirar hacia adelante, y tinieblas.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

214. Lucro

É que cansei de quebrar a cara, sabe? Enchi o saco de não ser correspondida. Que digam que sou uma pessoa ótima, mas que não querem saber de mim. Sabe? Que, no máximo, querem me agarrar e só. Cansei de verdade de sofrer por gente que não dá um ai por mim, de sonhar e de tentar. De ser recusada mil vezes. E de, a cada vez, pensar que há algo muito errado comigo, que não presto pra isso, que não é possível. Já assumi que vou terminar sozinha. O que vier é lucro.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

213. Cabra-cega

Odeio depender dos outros.

Melhor dizendo: odeio abrir meu coração e esperar a reação alheia.

É como saltar do trapézio sem saber se o outro vai segurar sua mão. Como mergulhar sem saber a profundidade da piscina. Como salada-russa, casamento atrás da porta, ou o nome que for; apontar sem ver que vai ter de beijar (você, apenas; todos os outros já combinaram seus lugares). Como cabra-cega.

Caindo das pedras, sem saber a profundidade, sem ver se segurarão sua mão, e se será forte, seguro como você deseja. Se não será apenas um aperto débil que te custará uma distensão muscular que tarda muito, muito tempo em curar.

E escondo minhas feridas fazendo o esforço de desejar o melhor para o outro. Que tudo bem, perdi, it was a good run, even I have to admit. Que sempre há mil peixes no mar, que um amor recusado é um amor ganho, que Deus fecha uma porta pra abrir uma janela. Que quero que você seja feliz com o que escolheu, ou seja, viver sem mim - ou viver com uma parte ínfima da minha existência, quando eu queria dar e receber mais. Que vamos ser amigos/conhecidos. Que a vida segue, que está tudo bem.

Mas não está bem. Nunca, nunca está bem. Amores ignorados não se curam. E me apaixono (até no sentido amizade da coisa) tão de manso que tenho vergonha de admitir. E eu quero dar e receber com tudo o que você quiser e eu for capaz, sabendo ser a pior mas que posso ser seu anjo, que estarei aqui. E me torno doente, sem entender, sem controlar, chorando de carinho que não posso transmitir. Sem nem ter dirigido a palavra. Sem perguntar o nome da pessoa.

Mas como já comentei aqui uma vez - há muito tempo - as pessoas que mais fizeram diferença na minha vida foram as que entraram sem pedir licença. Nunca aquelas que convidei, que levei até o portão e abri a fechadura. Então eu sento e espero o que o Destino quiser me dar, porque ele coloca um grande "NO U CAN'T, BITCH" naqueles que eu invento de me atrair. Mas nunca antes de eu dar o salto do trapézio, o sol na nuca e os olhos fechados, esperando que funcione, esperando que me agarre, esperando, esperando, desejando, pedindo pelo amor de Deus que desta vez sim, que desta vez pode, que desta vez dará tudo certo.

Nunca funciona. Nunca dá certo. Penso antes do meu coração e meu coração pensa antes do meu bem-estar. E eu quero, de verdade, ver vocês felizes, com ou sem mim. Eu quero, de verdade, ver suas fotos no facebook com aqueles que vocês escolheram, mensagens de amor no msn e vídeos com os amigos no youtube.

Mentira, isso eu não quero não.



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

212. Unread

Aí, né. Acordada até as 2 jogando pokémon firered - já zerado 45 vezes - esperando o sono. Acontece que o sono acontece se você deitar e dormir, e você sabe disso.

Eu sei o que está acontecendo. Você está esperando. Outra vez. Como se não fossem suficientes as esperas do ano passado, deste ano, esperando aquele email ou aquele comentário ou aquele "you have an unread note". Você está esperando que venham a você. Virão, idiota. Só não hoje.

Mas você ainda espera. Mais um pouco. Um pouquinho mais. E janela a janela, vai apagando as esperanças. Amanhã tudo será mais um delírio da TPM. Mas agora mesmo é tudo o que se tem, é tudo o que se deseja, é todo o dia que valerá ou não, é tudo ou nada.



E é nada, é mais um dia quase-ganho. Um quase-prazer que me dou, e que hoje nunca será suficiente. Hoje dormirei com fome.

Literalmente.

211. Novo

"Feira moderna, o convite sensual
Oh telefonista, se a palavra já morreu
Meu coração é novo.
Meu coração é novo!
E eu nem li o jornal..."

domingo, 6 de novembro de 2011

210. Confirmar

Alguém me explica porque eu me sinto assim quando saio às 8 horas do domingo.

Alguém me explica porque me faz tão bem? Porque preciso confirmar.

sábado, 5 de novembro de 2011

209. Olhos nos olhos

E então olhei pela janela - os campos amarelos e planos de Castilla - e pus Mika para tocar no iPod e pude afastar os maus sonhos por um tempo. Pude até sorrir e pensar que se haviam ido por um tempo, que não assombrariam enquanto estivesse desperta, que hibernassem com o inverno que chega, e que tudo era muito maravilhoso para deixar que eles me azedassem os dias. Pude até pensar que já havia passado.

Eles me viram na janela no metrô, me iluminando desde cima; mas entornei a vista e desci na estação seguinte. Eles me viram nos vidros de um ônibus no qual sem querer me gravei. Me viram em mil vitrines e eu os ignorei. E pensei que era bastante evitar que meus olhos encontrassem meus olhos outra vez.

Mas então encontrei olhos de outros. E me lembrei - tarde demais, mais uma vez - que as melhores palavras são as que calam.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

208. Verde

E eu que sempre disse que tudo bem, que sempre torci por você, que não me importava. Eu que falei nem pensar, bebo da água verde que jurei nunca mais tocar.

E agora pago pelo pecado de cobiçar ser você. Sei que não deveria, porque é errado, e sobretudo porque você é minha amiga. E me detesto por querer te detestar, ainda que não consiga. Por querer ter o que você tem, por querer ser assim bonita, assim interessante, assim com personalidade. Por não acreditar que algum dia chegarei a me equiparar ao que você é por natureza. E por ter raiva todas as vezes que você tem crises e não se acha boa o suficiente, veneno que destilo com a mesma resposta de sempre: "Pelo menos você não é eu."

E o pior de tudo é que isso é seu consolo. Pelo menos você não é eu. Ainda há esperança pra você, e me alegro e te detesto ao mesmo tempo.

E quero de verdade que você seja feliz, apesar do dano que me causa. De verdade.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

207. Distante de tudo

Andaluzia, linda. Nem senti o tempo passar. Nem senti tanta vontade de voltar.

Mas voltei. E começando a me dar conta de que aqui é como o mar: não tem cordas pra segurar. E quando sobe no coração toda a fome de afeto, que te faz quicar o joelho e entrelaçar as mãos, você dobra e guarda como a roupa não usada na viagem, sem chorar nem lamentar. É sua, só sua, mesmo que você queira dividir. Mesmo que você só queira um corpo quente pra abraçar por uma meia horinha e ouvir dizer mais uma vez que já está distante de tudo.

Mas tenho o meu próprio tempo, assim como todo mundo tem o seu. E os tempos só estão entrelaçados em determinadas situações. E com determinadas pessoas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

206. Aberto

E ontem em dei conta de que não sei estar só. Que mesmo aqui, não estou só, e que não sei lidar com isso. E hoje, na viagem, dormi com um olho aberto pensando em mil problemas e mil soluções, e sentindo-me uma criança pequena.

Sou uma abraçodependente.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

205. Instrumento

Sem saber o que dizer agora mesmo. Sem saber o que fazer pra evitar encharcar-me de uma tristeza causada nem sei muito bem o porquê.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido,
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna...


Esteja onde estiver, se você existe mesmo, fazei-me instrumento de vossa paz.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

204. Quem avisa...

Você diz que as pessoas não se importam, mas depois de ontem acho que você se importa menos ainda. Não estou com raiva, mas sério mesmo, doeu. Doeu de verdade.

Tenho a impressão de que você não vai encarar isso com a seriedade que merece, mas enfim. Mentir me envenena. Melhor deixar claro, você faz o que quiser com isso, e life goes on.

Agora, um conselho: quem fala o que quer, ouve o que não quer. Quem avisa amigo é.

domingo, 16 de outubro de 2011

203. Doing

Shyness is nice and
shyness can stop you
from doing all the things in life you'd like to


I wonder what you say of me when I'm not around.

domingo, 9 de outubro de 2011

202. Não seja

Com um cansaço que pode ser obra do frio ou das preocupações que ameaçam assomar-se.

Quase chorei hoje, mas não foi o quase-choro de ontem, ao admirar a cidade iluminada. Foi um quase-choro sem motivo aparente. Cansaço. Não aparento ser forte. Talvez não seja.

Só sou sensível demais.

201. Perfeição

A palavra é: prioridades. As pessoas não são perfeitas.

Nem eu, nem você. Não cale.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

200. Calafrios

Acordei de repente, com calafrios. Acabaram as férias, e o inverno está chegando.

Olhos adiante.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

199. Andar

Cansada de viagem. É uma porrada. Praticamente duas horas de deslocamento de casa até a universidade, entre andar até a estação, ônibus, metrô, ônibus outra vez, e andar até a faculdade. Ida e volta.

"Eita, tá na hora de você procurar um apartamento em Madri, né?"

Na verdade não. Entrou na chuva é pra se molhar. E entrei sem guarda-chuva, apesar no nome do blog.

E estou muito feliz, obrigada.

sábado, 1 de outubro de 2011

198. (não) Passará

Longas conversas. Cada vez mais longas, cada vez melhores.

E como te disse hoje mesmo: aqui é pra deixar registrada um pouco da minha vida. Comecei para desafogar uma paixão não-correspondida, ok; mas me dei conta de que, ao fim e ao cabo, minha vida é feita de mais que tempestades e chuviscos. Não quero ler isto daqui a algum tempo e lembrar minha juventude como um turbilhão de misérias. Simplesmente porque não foi. E não está sendo.

E marco aqui os dias felizes. Uma longa conversa até as duas da manhã e outra que nos tomou praticamente o dia inteiro. Repetir os momentos bons infinitamente, até que sejamos velhas e atribuamos algum peso. Agora mesmo, porém, somos jovens e não precisamos dar peso a nada. E repetirei os bons momentos infinitamente.

E que ninguém permita que percamos a coragem de achar a vida bonita, apesar de que tudo um dia - amanhã ou depois ou daqui a mil anos depois de nossas mortes - passará.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

197. Bem

Muitas coisas (boas) em muito pouco tempo. Não tenho nem tempo pra assimilar. E como um copo que transborda, eu me derramo, tremendo.

Permitir-se sentir-se alegre e afortunada sabendo que o mundo é um lugar escuro e hostil: uma parcela de felicidade. Quem sabe, quando seja mais velha, seja como as personagens de livros, que descrevem os gozos da juventude em poucas páginas e as desgraças em mil capítulos. Mas agora... bem.

Agora... bem.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

196. Over

Talvez pela estranheza de me ver estrangeira pela primeira vez, de fato. Talvez.

Mas de repente não tenho vontade de rir mais. É a hora de parar e tomar rumos.

Hora de perceber que nem tudo é como queremos. Hora de ter dúvidas. Hora de resistir ao impulso de negar... e decidir quais guardas baixar.

Vinte e dois anos e ainda hesito.



Everyone knows I'm over my head.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

195. Chorar

Ontem eu chorei, mesmo. Em alguns momentos quis estar só, e dar vazão a tudo sem a presença embaraçosa dos olhares assustados e satisfeitos das duas. Tentava acompanhar o que diziam e tentava chorar sem que notassem. Tentei silenciar e tentei me esconder, mas no fim das contas só consegui soluçar justo diante delas, e sinceramente não sei o que faria se não tivessem me abraçado.

Elas não devem entender muito bem o que sinto de verdade, o que significa tudo isso pra mim. Toda a riqueza em todos os espaços. Sombras e luzes diferentes das que conheço. É como viver em um sonho, como se tudo fosse desvanecer em um segundo quando acorde no dia seguinte, de volta à casa, no calor e no tédio. Ainda vivo de encantos, e me surpreende mais e mais como a distância geográfica pode ser tão devastadora.

Espero chorar mais. Muito, muito, muito mais. Sem que elas vejam, claro.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

194. Lindeza

Cheguei. Tudo bem.

Tudo lindo.

domingo, 18 de setembro de 2011

193. #partiu

#Partiu Espanha, algo que chamaria, em voz baixa - respeitosa - de aventura.

Nunca quis tanto quem me quer, nem nunca me senti assim. Ando tendo vertigens já há duas semanas e comendo feito uma doida pra compensar o nervosismo. Deixa estar. Há dias não sei o que estou sentindo mas acho que não vale a pena tentar descobrir agora.

É só andar pra frente. Amanhã começa o caminho. Depois de subir naquele avião enorme e fazer minhas preces - se eu morrer, morri, e em paz - vou soltar minhas mãos.

E fechar os olhos às vezes.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

192. Comer

Parabéns para mim, eu só vim pra comer, já comi a feijoada inteira, tô passando muito maaaal!!

Meu presente? Ganho ele daqui a exatamente uma semana =)

domingo, 11 de setembro de 2011

191. Calla (un desahogo)

Ay, ay, nena, acaléntate con tus proprios brazos. Calla tu llanto a cada lágrima. Ay, ay, nena, deja que la mujer acune la pequeña, como la madre que algún día deseas ser.

Ay, nena, te calmarás pronto. Come tarta; lucha con los perros; canta y baila las canciones pirografadas en tu alma; carcaja alto y claro por los sueños que se harán piedra. Alégrate llorando; pon el LP de Alceu Valença una y otra vez, hasta que te acuerdes de los siete deseos bajo las espectaculares luces de la tarde, que entran por la ventana del baño a bañar de oro la casa, y se hacen tan amarillas que tapéante cuando subes pensando ser la lámpara encendida y olvidada. Escucha los pájaros cantando después de la comida y admira las estrellas desde el estudio, por la noche. Escucharás otros sonidos y verás otras estrellas, y todo será raro y rico, y podrás ver a Cygnus y comer otra comida, y ver cosas extrañas y bellas, y otras feas. No estarás sola, pero aunque estuvieras, todo sería válido. (tú dirías, buena virgo: será todo una experiencia estética. E te miran como si, ordenad[or]a como siempre, hayas recusado las sorpresas. Pero sabes - y sonríes como un zorro - que saber lo que es no es saber lo que eso supone ser - y que eso es el lado extraordinario, llamativo, brillante y misterioso con que esperas solar la intimidad de tu ser, acusado apenas, quizá, por la llama que se enciende en tu rostro)

Ay, nena, sonríe. Estás más guapa que nunca, con un pequeño sol sustituyendo las cuerdas vocales. Estás el sol y apriendes a andar con la elegancia que quieres, sin los pasos asustados de una niña que se pone los tacones de su madre. Y aún hoy no sabes andar con tacones, estás ciente de ello, y te caes y no te importas; sales reíndote con el rostro rojo de alegría porque sí. Porque puedes. Y a zancadas, caminas.

Acaléntate, niña. Acaléntate. Tardaste, pero entiendes. Empiezas a entender. No dejarás de entender. Y si tienes el destino de vivir por más tiempo, verás que eses años de negativos velados y casetes caseros - grabándose unos por sobre los otros - son los años de puta y de reina. Que disfrutes.

Y ya no hará falta que acunes la pequeña.

190. Como não se acabou

Alguém disse que é mais fácil escrever com dor; porque é insuportável. Mas deixo aqui registrado um dia feliz, para que não se acabe nunca, como não se acabou hoje.

À barriga cheia e aos bons amigos.

Espero que vocês me esperem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

189. Transe

Entrando em transe: esperar, esperar.

Amo todos vocês.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

188. Magia

Magia, sim. A magia não existe, mas está por aí.

É difícil de entender, é difícil de encarar por tanta banalidade que há na vida. Mas afinal de contas


nada me hará tán feliz como dos margaritas.


É fechar os olhos às vezes.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

187. Sem-vergonha

Eu sou a pessoa mais lerda do mundo.

Hoje, vendo o cenário correr através da janela do carro, pensei em modo de me corrigir: tachinhas. A cada escorregão de lerdeza (ou ingenuidade, também serve) eu pego uma tachinha e enfio no braço. No punho. Na barriga. Na polpa dos dedos. Na parte mole dos pés.

Depois pego algo achatado e empurro. Enfio dentro da carne. Depois taco sal grosso, tiro a roupa, deito no chão do banheiro e fico ali, tacando sal.

Porque preciso aprender. Pre-ci-so-a-pren-der. Isso não muda. Isso nunca muda. E não irei a lugar nenhum se isso não mudar. Sou lerda, tão lerda, tão absurdamente lenta.

E não é uma ofensa barata não. Inteligente eu sou. Não é inteligência. É raciocínio. Eu travo. Eu erro uma vez, duas, mil vezes depois de ouvir a mesma ordem/recomendação/conselho mil vezes. Eu não escuto.

E já tentei arranhões, beliscões, socos na têmpora. Não aprendo, não aprendo nunca.

Talvez seja a hora de ver sangue, pra ver se deixo de ser sem-vergonha.

186. Vívidos

"Meu Deus, tanto sono!..."

Fernando, me aninha; não sei do que tenho ganas. Se de correr ou de chorar, ou se de me deitar no chão e morrer. Tenho tanto sono, me dá tão igual, que não sei mais o que quero.

Quero voltar pra cama e dormir, dormir, dormir. Aquele sono pesado que só faz aumentar a cada hora, que abre para além da Matrix. Os sonhos mais vívidos que a vida. Eu ainda posso descrevê-los, vê-los ao fechar os olhos. Em meus sonhos, eu não vivo aqui.

Eu meus sonhos, o mar fica do outro lado.


domingo, 4 de setembro de 2011

185. Conformou

Minha vontade é dizer "não fica assim não", mas se você está gritando é porque está doendo.

Então grite. Você tem razão.


Só espero que você não termine igual a mim, que já se conformou que vai morrer sozinha.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

184. RPG

É impossível ser feliz sem amigos para, pelo menos, se juntar e jogar uma partida de RPG.

Espero que lá nas terras distantes encontre gente quase tão legal quanto vocês.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

183. Metade

Mais do que nunca, queria alguém pra me apertar em seus braços e cheirar meus pescoço. E dizer "calma, tá tudo bem agora".

Bem Entei.


Onde quer que você esteja, minha metade, estou procurando por você. Não quero morrer sozinha. E não quero que você morra só...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

182. Enrolada

http://www.kioskerman.com.ar

Enrolada em meus próprios braços.

Quero dormir, nunca mais despertar.

domingo, 14 de agosto de 2011

181. Sempre soube

Retificando: sou aquela criança sim. Mas consegui evitar sê-lo por um tempo recorde. Deve servir pra alguma coisa, né?

Estou refletindo que isso é uma coisa que de fato tem de sair. Então vai sair. Tá decidido.

"Você é tao sensível que tenho medo de dizer certas coisas" Se ganhasse um real pra cada vez ouvisse isso, iam me acusar de sonegar no Imposto de Renda.

Sou sensível, sim, gente. Eu choro, eu dôo, é um saco e é uma delícia. Mas, desculpa aí, não por ninguém, mas por mim. Não sou forte. Mas sou resiliente. Disso eu sempre soube.

Não me enganem em nome do amor, por favor.

sábado, 13 de agosto de 2011

180. Abre a porta e a janela

Me chateei sim; mas me levantei muito mais rápido por entender que não deveria sentir-me assim. Não passou, mas não insisti.

Não sou mais aquela criança. Não aquela criança. E andei com graça sob a chuva, cantando "Preta, Pretinha" e saltitando feliz. Muito, muito feliz.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

179. Escrita

Queria sua palavra escrita.


Isso é para todos e para ninguém.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

178. Curada?

Aí quando você acha que tá curada vem a vida e ôpa!, te trolla lindão. Quando você se acha segura e confiante, quando tira o aparelho dos dentes, quando mais do que nunca dizem como você é linda, ôpa!, provaê, maluco, quero ver você fazer a parada. E travo, gente. Travo lindão.

Meus pais querendo que eu vá na festa de 25 anos de casamento de amigos deles, cuja filha é amiga da minha irmã, sozinha (porque estariam todos fora). "É uma oportunidade pra conhecer gente nova". Se até seus pais falam isso, é porque fodeu, né? Você é uma loser desgraçada que vai morar na casa da mãe até os 40 anos e nunca vai casar.

Isso quando sua mãe não joga na sua cara, naquele momento mágico em que um argumento cabal e descabido te faz perder o discurso: "Mas você não tem namorado". Perde o discurso não de "touché" honesto, mas de indignação. E daí se não tenho namorado? E daí?

Daí vem essa porra dessa "chance de conhecer gente nova" e a pressãozinha básica de "olha o novo amor da sua vida chegando". Sabe de uma? Sou loser mesmo. Vou lá porque prometi, mas não faço questão nenhuma. Nunca cheguei no patamar superior do "arrumar interesse" sem gostar, sorry: olho, interesso, gosto. Pouquíssimas exceções.

E eu linda e sem aparelho nos dentes, fechando a porta pra vida.

177. RIP

I know it's not real. I know it's childish and dumb. I must, I must, I must hide my emotions. I must learn how to lie. I must.

I want to rip myself apart and cry. I want to blow all my organs with my nails, squash them in my hands, and scream. I don't want to die. I want to live an eternal life, full of pain, like Prometheus and the eagle.

I must, I must, I must not desire this. I must not. Don't be such a child. I can do it, right?

I can.

I can.

I can.











I can't.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

176. Prostituição

Que saco, velho! Que saco! Que porre do caralho!

Dispensar trabalho por se valorizar é dose. Queria ser prostituta de novo, me vender por pouco. Mas depois que o infeliz goza, vai embora.

Maldito trabalho que depende dos outros, o meu. Por que não quis ser, sei lá, engenheira?

175. Camadas

Não queria pensar nisso, mas que saudade!!

Parece que não é nada, não, mas é algo, sim. Vontade de chorar constante, debaixo de todas as mil camadas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

174. Tensa

tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa

Eu aqui morrendo de medo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

173. Riquíssima

Eu não acredito, sabe, eu não acredito. Se eu ganhasse um real pra cada vez que ouvisse que sou legal, ou que sou extraodinária, ou que sou incrível, cara, seria riquíssima. Mas eu não acredito.

Eu não sei, mas quando ela me disse que estava mais feliz do que nunca, me senti menos feliz do que... incrédula. Acho que era ciúmes. Como alguém pode ter ciúmes e sua própria criação? Não era nada demais, nunca é nada demais, parem de dizer essas coisas. Parem. Eu não mereço nada disso.

Quero me enterrar aqui, quietinha, que me esqueçam. Me esqueçam, eu não mereço...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

172. Mundo da Lua

Interessante sua reflexão. Já a tive, várias e várias vezes, nesses muitos anos desenhando e escrevendo. Mas interessante ouvir outra pessoa falar aquilo que você estava pensando, igual um gravador antigo, sabe? De repente lembrei d"O Mundo da Lua". (você não conhece: quando acontecem coisas boas ou ruins com o protagonista - um menino - ele pega o gravador e começa o diário de bordo "falando diretamente do Mundo da Lua")

Sentimento - palavra-chave. Quando a vida se torna má, fugir para a Arte é muito mais fácil, muito mais visceral. Talvez, com o tempo, você aprenda a transportar também para Arte os momentos em que a vida vale a pena. E quem sabe, um dia, você saiba como expressar coisas completamente opostas ao que você parece sentir.

Não, você não dominará a Arte. Ninguém subjuga a Arte à seu prazer. Ela te dominou, e te faz chorar ou rir às coisas mínimas, que de repente são magnificadas como se estivessem sob uma lupa.

Ser escravo da sensibilidade tem seu horror e sua delícia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

170. Igual a você

Não sei por que só estou escrevendo isso agora, isso já tem um tempinho. Mas eu preciso dizer: me desculpe pelo que escrevi no passado. Estava enganada.

Quando você entendeu que eu precisava desabafar, você me ouviu. E falou. Você me entende muito mais do que eu esperava. Meu Deus, que alívio; que alívio, alguém me entende, eu tenho você, você me entende e me consola. Não preciso ter medo, eu tenho você. Eu tenho você, que pensava ter perdido.

Eu chorei; chorei feito uma criança, a sua criança. Aguentei o quanto podia sozinha, aguentei bastante tempo; mas quando já não podia mais, você passou a mão pelos meus ombros e me leu, e me disse que eu não estava errada, que era o caminho que eu queria e que não era um caminho errado, era um dos caminhos certos. Não tomou meus sentimentos como levianos, você os levou a sério. Há quanto tempo eu não me sentia assim tão segura? Sei que quando precisar, eu tenho você...

E cheguei à conclusão de que quando crescer quero ser igual a você. Quero ser assim, igualzinha a você.


já sei por que demorei tanto: estou chorando tudo de novo.

domingo, 10 de julho de 2011

169. Importante

E vou descobrindo, não sem surpresa, que da mesma forma que você me ajudou a ter coragem pra andar de bicicleta sozinha eu também te ajudo. E quando você está ali frágil e diz que não é nada, mas é tudo, eu também te seguro. Eu também te apoio. E gente, como isso é estranho.

Você vai rir e eu vou me odiar por mais uma vez encaixar naquele arquétipo. Eu nunca pensei no que poderiam aprender de mim, só via aquilo que me aportavam. Não por egoísmo, mas porque nunca pensei que pudesse fazer alguma diferença, sabe? Mesmo as pessoas mais queridas, quando desabafavam e eu as consolava, aconselhava e ralhava, pensava que o que eu disse poderia ter sido dito por qualquer pessoa. Por suas mães. Por outros amigos. Sabe? Não era esse o pensamento explícito que eu tinha, mas era o que ficava sob todas as camadas, como um volume debaixo da colcha da cama: gente mais importante que eu. Gente mais sábia, mais paciente e menos irritante. Gente melhor.

Eu nunca me senti digna dos meus amigos. Nunca. Levei uma vida pra aceitar que gostavam de mim, e uma vida e meia para aceitar o fato de que não precisava fazer grande coisa para que gostassem. Gostam de mim, pronto, todo mundo fica feliz. E vem o complexo de mascote. Não me importava o que faziam, pra onde iam, se eu serviria para algo: onde as pessoas que eu gostava iam, eu ia junto, para estar perto. Porque sofria tanto ao pensar que não prestava pra nada, que não os merecia, que se a minha simples existência as deixava satisfeitas, então eu não iria pensar em nada e apenas existir pra elas. E ganhar seus afagos.

Mas, demônios, eu sei que você me escuta. Eu sei que você se importa. Pela primeira vez eu sinto como se realmente fizesse a diferença na vida de alguém; como se de fato, ativamente, eu fizesse parte. Não como um bichinho fofo que nasceu com o propósito de ser fofo. Como se alguém viesse me pedir pra segurar a bicicleta enquanto aprende a andar. Eu, logo eu? Eu não sei nada, se bobear vou tropeçar e caímos as duas juntas na lama. Mas você me pede mesmo assim. Deixa eu segurar no guidão e empurrar...

E quando te digo o que acho, você me faz caso. E mesmo quando discordamos, você me leva a sério. Você realmente me leva a sério. E... começo a pensar que talvez as pessoas também se importem. Talvez eu faça alguma diferença na vida delas também. Porque... acho que faço na sua.

(Parece. Eu não sei. Espero que sim. Espero não estar enganada.)

E vou descobrindo cada vez mais, e não sem surpresa, como sou grata por ter te conhecido. Achava que não me impressionaria mais. Mas obrigada por me fazer importante. Obrigada.

sábado, 9 de julho de 2011

168. Displiscentemente

Foi na quarta. Eu andando com alguma pressa à aula, te vejo andando com alguma pressa na direção oposta. Você apressa o passo ao me ver, me dá um abraço rápido, beijo, pergunto como você está. Você diz que bem, mas está super-atrasado. E eu, ok, eu também.

E enquanto me dirijo ao outro prédio, pensando no trabalho que teria de fazer aquela aula e no arroz que tinha feito aquela semana, me pergunto displiscentemente o que raios eu vi em você, naquele tempo. E volto a me preocupar com o arroz.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

167. Reconhecer

Quando éramos crianças, éramos nós mesmos e queríamos fazer o que os adultos faziam.

Mas acabo de perceber que, quando somos grandes, podemos fazer tudo o que os adultos fazem e, se não tomamos cuidado, deixamos de ser nós mesmos.

Crescer é difícil. Mudar é mais difícil ainda.

Minha vida só estará satisfeita se, ao encontrar meu eu-criança, ela me reconhecer. Saio em desvantagem, porém: ela nunca acreditou que me reconheceria.

166. what if?

What if I chose wrong?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

166. Política

Tenho tino pra política. Todo mundo sabe, todo mundo vê.


Mas sou melhor do que isso, sorry.

domingo, 19 de junho de 2011

165. Play

Ai, sei lá, sabe. Vou ser a mocinha linda e pura que aprendi a ser, porque não sei ser ogra. Falo de brincadeira e me tomam muito mal, e se me tomam mal por brincadeira inteligente imagina por brincadeira grosseira? Que droga, que droga, que droga.

Por que você é assim complicada? Você é grande, poxa. Você vai fazer coisas que eu nem sonharia com a sua idade, você é tão inteligente, você é legal, não aja como minha irmã adolescente. Não aja assim. Pouca gente vai aguentar levar tanta patada pra descobrir seu coração.

Pela primeira vez vou dizer com toda propriedade: "Se não sabe brincar não desce pro play." Ou não desço eu, e você vai gritar na minha janela porque quer brincar da gangorra. Pro ble ma seu.

sábado, 18 de junho de 2011

164. Pensa

Você pensa demais e sofre antecipadamente.


Mas, meu Deus, se não pensar assim, então como é que se pensa?

sábado, 11 de junho de 2011

163. Pé

Tudo bem, Bá. Por incrível que pareça, ninguém é perfeito. E tudo vai dar pé.

domingo, 5 de junho de 2011

162. Espaço

Status: Ocupando espaço no mundo, e no coração dos outros. Apenas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

161. Bela e Fera

Me lembrei de que - há muito tempo, mais de dois anos, nossa, uma vida - eu escrevi um post falando do blog da Talita. De sua sensibilidade, sua argúcia, seu talento com palavras e sentimentos. Não faz nem um ano que descobri que a maioria dos textos lindos que havia lá eram fragmentos de contos de Caio Fernando Abreu.

Foi o ponto final. Se a admiração havia se tornado ágria, naquele momento morreu de vez; e não voltei a acessar aquele blog.

O que dizer quando você percebe que o uma pessoa fala não se escreve, até as últimas consequências? Que o magnetismo, desenvoltura, aparente força e brilho de alguém não são nada mais que um artifício para esconder uma pessoa normal nos bastidores? Uma pessoa normal que se convence - e tenta convencer todo mundo- de que os fogos de artifício são de verdade estrelas?

E de tanto gritar "lobo", ninguém acredita mais. Tudo é fumaça e espelhos, embuste e ilusão, e você não sabe mais o que é truque e o que é coração. Não sei que inocente acredita nisso até o final, mas acreditei por tempo demais e deixei demais que me afetasse. Muito ao contrário dela, meu coração é visível. Pulsa logo abaixo da superfície - esta é que dura demais para deixar que seja tocado.

O fato é que sou de Virgem, ela é de Leão. E que o digam os astrólogos, um humano, mesmo uma donzela, supera a besta. Pode demorar, pode impressionar e ferir com garras sempre afiadas, pode enfeitiçar e machucar, mas uma fera é sempre uma fera. E algum dia - pode demorar, pode demorar - a donzela percebe que, contra o irracional, batalha abandonada é batalha ganha. E segue seu caminho, deixando o animal ferido de morte, sem ninguém que aplauda sua agonia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

160. Egoísta

Uma está longe de casa, a outra com problemas na família, a outra numa superação pessoal e mais um com a cabeça em desordem.

Sinto muito, hoje não estou pra ficar triste por ninguém. Chama amanhã, porque hoje estou satisfeita demais pra ter empatia.

Hoje exercerei meu direito à alegria egoísta. =)

sábado, 21 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

158. See

"i wish u could see what i see"






So do I.

domingo, 8 de maio de 2011

157. Estações

Esperando a mudança das estações. Esperando a primavera.... ou o outono.

156. Feia

Feia não. Desprovida de beleza.

Digo às pessoas que gosto como são lindas, porque beleza exterior + beleza interior = beleza. Ninguém nunca disse isso pra mim, assim de graça.

E a beleza é a coisa mais importante do mundo.


"Você é tão inteligente..."

Grandes coisas.

sábado, 30 de abril de 2011

155. Sol II

O post anterior não deveria ter sido assim, mas acabou sendo. Espero que ela nunca veja - mas não vou apagar.

O que eu ia falar é que adoro essa expressão: "você é um sol".


E ultimamente, com a estação das chuvas chegando e deixando os aposentos escuros, nunca me senti mais iluminada. Porque estou cercada, cercada de sóis.

154. Sol

Uma vez ela chegou e disse: "você é um sol".

Não é algo que se ouve na nossa língua - é comum na língua dela. Eu lhe havia dado um presente e estava morrendo de vergonha e medo de que não houvesse gostado, ou que estivesse dizendo que gostou para ser educada. A gente não se conhecia bem naquela época, e não sei o quê me fez esquecer da maioria das cautelas sociais que tenho e dar-lhe um presente grande. Um presente grande demais pra uma pessoa que eu conhecia havia poucos meses.

Dei um passo no escuro, e tinha medo de cair. Ou melhor, de que ela me empurrasse na escuridão e eu caísse. De que um ato de afeto genuíno, de que um pedido de amizade destrambelhado, se tornasse apenas uma idiotice que fiz por amor. Mais uma idiotice que fiz por amor e que nunca mais havia encontrado motivo para repetir em muito tempo.

Porque, claro - todo mundo tem medo no início. Eu não queria ter medo. Mas ela talvez tivesse. E nosso mistério é o outro, e até hoje eu ando apreensiva - será que deveria ter feito isso? Será que ele vai gostar disso? Eu sou assim comigo, mas não o serei com você - com medo de perder o pouco que tenho. Mais que corpo, coração. E eu tateava no escuro, como sempre, porque levantar as máscaras é sempre muito, muito arriscado.

Mas ela disse que eu era um sol. E como um sol eu brilhei. E o caminho iluminado já não me assustava tanto assim. Não vi final, não vi sequer o próximo passo, mas pelo menos percebi que ele segue - adiante, adiante, até o infinito, seja lá onde isso seja.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

153. Roxo

Um dia roxo, abafado, brilhante e feio. Um dia roxo, asfixiante.

terça-feira, 19 de abril de 2011

152. Desta vez

Sabe quando você está muito triste com alguém e a pessoa sabe, mas acha que está certa e que você está borocoxô por estar se sentindo culpada e por isso age normalmente com você, até com mais doçura, no maior tom "eu te perdôo"?

Mas eu não quero ser perdoada. Posso ter feito merda, mas não estou errada. Não estou.

Aí o animal emburrado sou eu. E o pior, começo a me sentir culpada mesmo.



Não desta vez. Não tanto assim.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

151. Gostar de

Oooi, Culpa. Está um pouco atrasada, não é? Ainda bem que hoje veio pequena. Até que enfim estou aprendendo a gostar da puta que sou, e que sempre serei.

150. Tremendo

Vamos fazer assim, ó: eu te ignoro e você me ignora. A gente tem feito isso inadvertidamente há algum tempo, vamos continuar assim.

Porque acho que você percebeu que não falo mais com você. E não falo mais com você porque abrir o meu coração com você é pedir pra que você jogue tudo na minha cara depois. É pedir pra que você não me ajude. Você não me consola mais. E está tão desatualizada da minha vida que continua achando que dizer "é por isso que você não tem amigos" me atinge. Agora tenho amigos, e eles parecem procurar me entender mais do que você.

Diz que sou muito dura, que me acho perfeita, que não ouço os problemas de ninguém. Vá se olhar no espelho. Ninguém discute com você não porque você sempre tem razão, mas porque nunca se rende. É mais fácil dizer "tá bom, você venceu".

Agora, falo alguma coisa? Não falo. Não posso. Fazer o quê, te amo.

Não consigo mais digitar. Minhas mãos estão tremendo.

149. Espera

E esse tempo que não passa, hein? O que fazer quando você não está onde seu corpo se encontra?

Sueña que sueña la estrella
siempre en estado de espera;

terça-feira, 12 de abril de 2011

148. Barato

http://fleamarketadvice.tumblr.com/

Como um mercado de pulgas: barato e de segunda mão.

domingo, 10 de abril de 2011

147. Sem rosto

Mas a maldade não está apenas nas pessoas. A maldade está em todo lugar. A maldade está nos sistemas, nos cargos, nas redes que se interrompem justamente para que a vítima não tenha acesso aos patamares superiores, que olham, plácidos, seu jardim florescer enquanto o resto que deveria ter uma flor não consegue nem mesmo sementes.

De quem você tem raiva nesse caso? Com quam você pode brigar? Que orgulho têm aqueles que trabalham em uma corporação? São um lixo tão grande a ponto de reduzirem-se apenas a empregados de um lugar, defender a política e o tratamento dado? Só se forem pra eles! Respeito minha pica, a maldade está no simples "Não posso te ajudar, vou te transferir para o setor seguinte"

Pois que vão todas À PORRA. Que essa é a pior das maldades, a maldade sem rosto.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

146. Romance

Oh, mirror in the sky, what is love
Can the child within my heart rise above
Can I sail through the changing ocean tides
Can I handle the seasons of my life

Well, I've been afraid of changin'
Cause I've built my life around you
But time makes you bolder
Children get older
And I'm getting older too




Pensando em romance e outras coisas deprimentes.

terça-feira, 5 de abril de 2011

145. Unhas

Não vai ser tão bom assim.


Não vai, Nunca é. Vai dar tudo errado. No início, tudo dá tudo errado. No início, vai ferrar tudo, principalemente porque você vai cândida e medrosa.

Aí você se frustra, cansa e chora, e morre de saudade. Até que você pára de ver aquilo que você gostaria e a apreciar aquilo que tem.

E aí vem a felicidade.



(como pintar as unhas de verde longe dos comentários do meu pai)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

144. P.S.

P.S.:


Forte também é quem aprendeu a nadar, apesar da correnteza.

143. Água

Uma pessoa só é forte se se mantiver firme diante do sofrimento dos outros, ao tentar estender uma mão e ouvir um "você não sabe como é". Uma pessoa só é forte se ouvir isso e responder "não sei, talvez nunca saiba, mas você é um covarde" com o duro carinho de quem se importa. Com a raiva amorosa de quem gosta.

Uma pessoa só é forte se conseguir atirar o sofredor na água e deixar que aprenda a nadar sozinho, e esperar nas margens, sem se mover. Estar ali pra evitar que se o outro se afogue. Pra ver o outro aprender a beber.






Dizendo: "I'm not fucking going anywhere. Bitch."

142. Cavalo

Você pode levar o cavalo até a água, mas não pode fazê-lo beber.

Ninguém pode ajudar a quem não quer ser ajudado. Não que seja fácil estar acessível, quando parece - por vezes é - que a dor é grande demais. Talvez a pessoa sinta aquele -aquele - antegozo agudo na melancolia. Talvez goste de mostrar-se, desafiando o mundo a cavar mais fundo dentro de suas vísceras. Promiscuidade virtual, dos sentimentos esta. Sorver o fígado, esconder o coração.

Fazer o quê? Até eu gosto de lamber meu próprio sangue. Mas o gosto do dos outros é azedo, só eles podem beber. Ou deixar jorrar.

sábado, 2 de abril de 2011

141. Puta

"Sobre o seu post..."
"Hm."
"Você é uma puta."
"Eu sei."

Não é que você fosse gostar de mim de qualquer outra forma ;)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

140. Estupidez humana

O ser humano é de verdade uma criatura inteligente, social e patética. Apesar do cérebro de 2kg para um corpo de 70 e dos polegares opositores, simplesmente temos a necessidade crônica de nos relacionarmos com quem quer que seja, simplesmente pelo prazer advindo da necessidade de satisfazer esse buraco. O ser humano morre de medo - ou seria tédio? - de terminar abandonado, e por isso tantos amores, dores, fofocas, traições e corações partidos por preferir andar mal-acompanhado do que só. E nunca, nunca aprende que o dito popular tem toda razão.

Por experiência, posso dizer que é muito difícil viver sozinho, principalmente porque, muitas vezes, se você está só é porque as pessoas te detestam. O que foi meu caso por muitos e muitos anos. Pra não parecer que estou posando de vítima, digo logo: não era. Era uma princesinha insuportavelmente perfeccionista, exigente e arrogante, que se achava uma mártir do mundo porque ninguém gostava de mim. Eu já nunca fui muito sociável naturalmente, e ser nojentinha simplesmente atirava as pessoas para o ponto diametralmente oposto. Mas eu dizia tudo bem, caguei, daqui a 20 anos eu nem vou vê-los, quem liga pra eles, nem queria mesmo.

Mas quando havia festinhas e não me convidavam, quando falavam de mim pelos cantos, quando faziam graça por coisas que eu dizia, eu que sempre fui tão mais culta que a média... bem, a verdade é que minha personalidade estúpida contribuiu e muito para eu ser pária, mas não foi só isso. Todo grupo precisa de um alvo, e esse alvo era eu, por muitos anos. E por muitos anos refugiei-me na certeza de que poderia me superar se me desligasse de todos. Que poderia viver baseando-se apenas na minha família e nas minhas capacidades mentais. Sozinha, nadando com todas as forças em um mar vazio, escuro e frio.

Mas todos temos fome. E pouco a pouco, fiz alguns amigos e fui cedendo, aprendendo a me relacionar com os outros, ávida. E somente depois de tornar-me maior de idade que consegui me inserir mais ou menos com grupos. E deixar a porta aberta (não muito) para os relacionamentos crescerem, faminta de amor, mas ainda um pouco desconfiada. Hoje, posso dizer que confio um pouco mais facilmente que antes, por descobrir pessoas boas em gente a quem eu não daria chances; e isso pode um dia me destruir novamente.

Só que mais cedo ainda eu descobri um outro caminho. Rápido, fácil, não requeria carinho tampouco julgamentos, porque era absolutamente anônimo, ainda que público. Sim, amigos, é a internet.

A internet é um perigo. Você usa seus polegares opositores para digitar seus pensamentos e sentimentos ali, à mostra, um livro aberto, sob o refúgio de um nickname (geralmente muito bobo), para que não sei quantos bilhões de pessoas os vejam, avaliem, suguem e se empanturrem. Sim, se empanturrem. De felicidade ou de sofrimento - mais de sofrimento, ao saber de histórias de familiares mortos, doenças incuráveis, amores desfeitos. O prazer de ler relatos tristes não é sádico - ok, sim é, mas não é sempre mau. Nosso cérebro anormalmente grande tem uma assombrosa cabacidade de empatia, como também têm os cães, os gatos e as zebras, e acabamos adotando essas histórias terríveis como se fossem nossas. Na maioria das vezes de uma forma romantizada, claro; metade dos "sinto muito por você" é só fachada, você quer ver mesmo o desfecho.

Mas não importa: você está falando e alguém está ouvindo. Nem que seja só um link do twitter. Alguém viu, alguém leu, alguém deu RT, alguém acessou o feed, alguém comentou. É um alívio: você não está só. É melhor, muito melhor que um diário, no qual você fala consigo mesmo e a única forma de avaliar a pressão é relendo tempos depois. Você não mostra seu diário pra ninguém, que ele existe, tem seu nome e seu cheiro nele. Todos vão rir de você ao lerem. É pra ser secreto. Blogs não; blogs são para serem partilhados, para que se possa extravasar sem correr o risco do rídiculo. Que se falam mal, oras; você não os conhece, não importam. Os que importam são os que se "preocupam".

Bauman fala certo nas relações virtuais. Elas não envolvem nada, e migram para a vida real. Dentro da internet, porém, são mais ou menos seguras, ainda que vazias de significado. São para ser vazias de significado. São para tentar preencher o buraco que temos no peito, onde a solidão dorme. São como os personagens nos filmes: são lindos, mas são mentira.

Até que acontece que, no máximo da patetice, você acaba se envolvendo com alguém da internet. Um outro anônimo, que pode ser um mentiroso, que pode ser um assassino, um tarado, um imbecil, um feioso, um espião internacional, o seu vizinho, o menino que você gosta, um suicida. Um outro solitário. Estão sozinhos na solidão. Nos segredos que não podem partilhar com os amigos, e que, entalados, encontram liberdade na web. Nos detalhes. Nos risos. Nos gostos em comum. Na desenvoltura em falar sem ver o rosto, sem ouvir a voz. De pensar antes de escrever. De não precisar morder-se a língua. De extravasar sem medo do que dirão, porque não importa o que o outro pensa. Ou importa?

E uma amizade real surge na internet, como uma rosa que nasce no deserto. E é uma confusão. Com o coração aberto e sangrando, você olha para o outro tirando a máscara do rosto. Que é a única coisa que falta para desvelar tudo, para arrombar o castelo, o último fio de a te prender na frivolidade segura dos laços virtuais. Você se apega. Gosta mesmo. E, patético, percebe-se pequeno.

Eu me sinto pequena. Me sinto mais criança do que há muito tempo sentia. Como a vida é curta e parca. E como fazemos de tudo para deixá-la ainda mais miserável, invocando tempestades sobre mesquinharias, crentes de que a felicidade é real mas nunca nos alcança. Quantas coisas lindas existem nessa droga de mundo minúsculo, quantas coisas mínimas nos fazem chorar de amor apenas por olhá-las. E como uma maldita pessoa, tão insignificante em relação ao universo sem fim, pode ser um universo em si. Como, através de seus malditos textos passados, de seu maldito blog e de seus malditos emails e conversas de msn, consiga operar dentro de outra a quem nunca viu na vida, a quem nunca tocou, a quem nunca sentiu o cheiro. Como uma maldita pessoa microscópica perante de Deus pode te abençoar com coisas que realmente importam, que são invisíveis aos olhos e impronunciáveis com a boca, órgãos enganosos.

Não sou uma pessoa humilde, Ele sabe que não. A tudo tenho de entender, analisar, categorizar e rotular, ou enlouqueço. E por isso que sinceramente enlouqueço agora, por não ser capaz de entender. O Amor (com maiúscula, porque é O Amor em geral) me confunde, me estapeando no escuro qual demônio gozador. E às vezes me pego angustiada, relendo coisas e desenhando com um carinho avassalador, e na minha mente ecoando "Eu não entendo! Eu não entendo!" Não é pra sequer tentar entender, mas é mais forte do que eu. E antes que, em pânico, eu tente fugir em debandada de sentimentos confusos, o Amor vem e me paralisa como uma cascavel a um ratinho. E não fujo. É ainda mais forte que meu instinto.

Antes, eu tinha muito mais medo. Agora, não tenho tanto. Como disse, me sinto pequena. Jovem demais, tola demais, arrogante demais, tão preocupada com minhas pequenas conquistas e misérias. E vejo essa pessoa, ela também jovem, tola e com sua própria vidinha, que no fim das contas não vai acabar escrita em nenhum documento sagrado, e será esquecida mais cedo ou mais tarde. E leio aquilo que ela era antes de mim - no blog que deveria ser anônimo mas agora é um diário antigo, no pc -, antes de entrarmos na vida uma da outra, e percebo que, no fim das contas, cada indivíduo é um grãozinho de areia, um pedacinho de nada, no turbilhão que é a vida de alguém. Uma vida que, por mais desinteressante que seja em termos macro, é vastíssima quando se olha de perto. É lindíssima, é longa, e as pessoas crescem e crescem e a vemos crecser facilmente. E pode não durar pra sempre no mundo, mas vai durar dentro dos outros, enquanto durarem. Não que isso valha muito. Ou vale?

Importa então? Importa agora? É assim que é? E é assim que vai ser?

Então tá.

Um brinde à estupidez humana.

quinta-feira, 31 de março de 2011

139. Talento

Me lembrei do meu invejável talento de dizer a coisa errada, na hora errada, pras pessoas erradas, da maneira errada.

Queria ter nascido muda. Queria ter nascido sem rosto. Queria sequer ter nascido.

segunda-feira, 28 de março de 2011

138. Dormir

Tentando não dormir, como quem tenta não morrer.

domingo, 27 de março de 2011

137. Retorno

Você levanta. Tenta correr, corre na areia fofa, tropeça, cai outra vez nos mesmos erros. Erros do passado que você tenta sanar no futuro, para que nunca mais se repitam.

Mas todos os erros voltam, mais cedo ou mais tarde. É a lei do retorno.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

136. Codega

Yo quiero ser el león y el acero.
Quiero ser un pecho de madre.

Quiero ser los ojos del perro
Y la luna en la tempestade.

Quiero ser las piedras ocultas
sob el manto de marea

Y no quiero que nadie en el mundo
sepa que es mi tarea.

Quiero ser la codega.

135. Criança

Aí você se sente pequeno, bem pequeno, como uma criança querendo brincar com os pais com o sorriso mais puro do mundo e eles dizem que agora não, que agora os adultos vão conversar.

Ai, mania de achar que o mundo gira ao meu redor, um carrossel onde eu sempre escolho o corcel que quiser. Como se todos olhassem com complacência, brinca aí, que vamos aqui ser gente grande.

E tolamente você chora, porque atrás daquela porta eles se vão para sempre, até voltarem e você estar ali, feliz, sorrindo, esperando.

Cresça. Pelo amor de Deus, cresça.

Você merece apanhar por sofrer por tolices.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

134. Paciência

Alguém disse que as pessoas gritam quando estão com raiva, porque aí seus corações estão distantes; eles precisam berrar pra se escutarem, de tão longe. Quando a gente se entende, fala-se baixo, e os amantes e amigos sussurram ou nem precisam dizer nada, porque os corações já estão tão próximos que se ouvem sem palavras.

Não é uma merda quando alguém que você ama está ali e você berra, berra, berra, mas o coração dele não ouve? O que fazer quando não se tem maturidade suficiente e isso é exigido?

Paciência, paciência. Não tenho tanta paciência assim.