sábado, 26 de novembro de 2011

218. Anunciada

E para coroar, uma morte anunciada de alguiém que vale mais que metade das pessoas de conheço. O único que depende de mim, o único que cresceu dentro de mim, sem querer, e se tornou quase um filho. O único a quem pedi que não morresse enquanto estou aqui. A quem pedi que me esperasse.

Ainda há esperança, mas não quero me agarrar a fiapos. Ademais, a esperança de viver está ligada a uma vida de tristeza. Eu queria que ele me esperasse apenas para que pudéssemos nos despedir e ficar em paz, porque eu sei que ele não estará em paz se eu não estiver. Eu sei que ele, sim, me quer. Mais que tudo. E eu o quero tanto.

Ele, o único porém nos planos de vir ao outro lado do mundo, o único pânico. A única coisa que me faria ficar nessa idade em que tudo é descobrir. Mas eu ignorei e vim, e agora ele vai morrer e eu não poderei estar a seu lado. Queria acariciá-lo mais uma vez. Dizer que tudo está bem, que estou aqui, que nada ruim vai acontecer enquanto eu estiver. Que vou dizer a papai do céu que cuide de você. Queria que você me abraçasse mais uma vez. Queria cantar pra você, sua cabeça no meu colo e esperar que, na próxima vida, você se lembre da minha voz.

E faço o único que posso fazer, a única coisa, o único trunfo real - real?? - que tenho: peço a Deus como nunca pedi antes que o mantenha vivo. Que, por favor, o faça esperar minha volta. Que me aguarde pra eu poder dizer adeus. O pobrezinho não sabe rezar, mas deve estar lutando pra resistir até meu retorno. E que seja feita a Sua vontade, e que espero que seja a mesma que a minha. Amém.

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