terça-feira, 20 de julho de 2010

126. Fangirl

"Quando jurei que não ia, eu fui; com passos hibernais e o coração bombeando lava para meu peito, baixo ventre e lábios. Você já estava lá, sorrindo como um coiote, e na mesma hora soube que não poderia, e que não podendo que perderia a grande oportunidade de todas as minhas mil vidas, a chance de se redimir das gaiolas fúteis que me amassaram o coração e me tornaram igual a um ovo: forte por fora e indefesa por dentro. Fechei os olhos, apertando-os levamente, desejando no íntimo que você fosse embora do quarto e levasse a merda daquela lua com você, que ela me atiçava como fosse com ferro. Quando abri, você continuava lá, as pálpebras caídas com uma mansidão indolente, antegozando o meu gozo como quem aguarda a sobremesa. Já me via refletida em sua pele. Já te ouvia suspirar meu nome contra minha boca, entrelaçando suas dedos de junco entre os meus e me pedindo para pedir mais.

Na mesma hora soube que não poderia, claro. Você também soube. Você era, naquele momento, muito mais velho que eu, e as raízes dos costumes me afogavam o 'sim' na faringe naquela hora. Você sabia. E estendeu a mão para enroscar os dedos no meu punho, e me puxou para o leito com delicadeza, expirando em meu pescoço. Me encolhi tal qual um gato contra seu peito - quente, sempre quente, eu sempre tão fria -, resistente por hábito ao seu carinho, e chorei.

Era sua ostra, e era toda sua, toda sua. Mas não era minha, por isso não tive a coragem de me entregar. E se eu pudesse voltar atrás...


Pediria pra beijar minhas lágrimas."




Fangirl é uma das piores raças que existem, ao lado dos emos bizarros, fursuiters e jogadores profissionais de WOW. E eu sei, sou uma delas.