quarta-feira, 20 de julho de 2011

176. Prostituição

Que saco, velho! Que saco! Que porre do caralho!

Dispensar trabalho por se valorizar é dose. Queria ser prostituta de novo, me vender por pouco. Mas depois que o infeliz goza, vai embora.

Maldito trabalho que depende dos outros, o meu. Por que não quis ser, sei lá, engenheira?

175. Camadas

Não queria pensar nisso, mas que saudade!!

Parece que não é nada, não, mas é algo, sim. Vontade de chorar constante, debaixo de todas as mil camadas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

174. Tensa

tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa tensa

Eu aqui morrendo de medo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

173. Riquíssima

Eu não acredito, sabe, eu não acredito. Se eu ganhasse um real pra cada vez que ouvisse que sou legal, ou que sou extraodinária, ou que sou incrível, cara, seria riquíssima. Mas eu não acredito.

Eu não sei, mas quando ela me disse que estava mais feliz do que nunca, me senti menos feliz do que... incrédula. Acho que era ciúmes. Como alguém pode ter ciúmes e sua própria criação? Não era nada demais, nunca é nada demais, parem de dizer essas coisas. Parem. Eu não mereço nada disso.

Quero me enterrar aqui, quietinha, que me esqueçam. Me esqueçam, eu não mereço...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

172. Mundo da Lua

Interessante sua reflexão. Já a tive, várias e várias vezes, nesses muitos anos desenhando e escrevendo. Mas interessante ouvir outra pessoa falar aquilo que você estava pensando, igual um gravador antigo, sabe? De repente lembrei d"O Mundo da Lua". (você não conhece: quando acontecem coisas boas ou ruins com o protagonista - um menino - ele pega o gravador e começa o diário de bordo "falando diretamente do Mundo da Lua")

Sentimento - palavra-chave. Quando a vida se torna má, fugir para a Arte é muito mais fácil, muito mais visceral. Talvez, com o tempo, você aprenda a transportar também para Arte os momentos em que a vida vale a pena. E quem sabe, um dia, você saiba como expressar coisas completamente opostas ao que você parece sentir.

Não, você não dominará a Arte. Ninguém subjuga a Arte à seu prazer. Ela te dominou, e te faz chorar ou rir às coisas mínimas, que de repente são magnificadas como se estivessem sob uma lupa.

Ser escravo da sensibilidade tem seu horror e sua delícia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

170. Igual a você

Não sei por que só estou escrevendo isso agora, isso já tem um tempinho. Mas eu preciso dizer: me desculpe pelo que escrevi no passado. Estava enganada.

Quando você entendeu que eu precisava desabafar, você me ouviu. E falou. Você me entende muito mais do que eu esperava. Meu Deus, que alívio; que alívio, alguém me entende, eu tenho você, você me entende e me consola. Não preciso ter medo, eu tenho você. Eu tenho você, que pensava ter perdido.

Eu chorei; chorei feito uma criança, a sua criança. Aguentei o quanto podia sozinha, aguentei bastante tempo; mas quando já não podia mais, você passou a mão pelos meus ombros e me leu, e me disse que eu não estava errada, que era o caminho que eu queria e que não era um caminho errado, era um dos caminhos certos. Não tomou meus sentimentos como levianos, você os levou a sério. Há quanto tempo eu não me sentia assim tão segura? Sei que quando precisar, eu tenho você...

E cheguei à conclusão de que quando crescer quero ser igual a você. Quero ser assim, igualzinha a você.


já sei por que demorei tanto: estou chorando tudo de novo.

domingo, 10 de julho de 2011

169. Importante

E vou descobrindo, não sem surpresa, que da mesma forma que você me ajudou a ter coragem pra andar de bicicleta sozinha eu também te ajudo. E quando você está ali frágil e diz que não é nada, mas é tudo, eu também te seguro. Eu também te apoio. E gente, como isso é estranho.

Você vai rir e eu vou me odiar por mais uma vez encaixar naquele arquétipo. Eu nunca pensei no que poderiam aprender de mim, só via aquilo que me aportavam. Não por egoísmo, mas porque nunca pensei que pudesse fazer alguma diferença, sabe? Mesmo as pessoas mais queridas, quando desabafavam e eu as consolava, aconselhava e ralhava, pensava que o que eu disse poderia ter sido dito por qualquer pessoa. Por suas mães. Por outros amigos. Sabe? Não era esse o pensamento explícito que eu tinha, mas era o que ficava sob todas as camadas, como um volume debaixo da colcha da cama: gente mais importante que eu. Gente mais sábia, mais paciente e menos irritante. Gente melhor.

Eu nunca me senti digna dos meus amigos. Nunca. Levei uma vida pra aceitar que gostavam de mim, e uma vida e meia para aceitar o fato de que não precisava fazer grande coisa para que gostassem. Gostam de mim, pronto, todo mundo fica feliz. E vem o complexo de mascote. Não me importava o que faziam, pra onde iam, se eu serviria para algo: onde as pessoas que eu gostava iam, eu ia junto, para estar perto. Porque sofria tanto ao pensar que não prestava pra nada, que não os merecia, que se a minha simples existência as deixava satisfeitas, então eu não iria pensar em nada e apenas existir pra elas. E ganhar seus afagos.

Mas, demônios, eu sei que você me escuta. Eu sei que você se importa. Pela primeira vez eu sinto como se realmente fizesse a diferença na vida de alguém; como se de fato, ativamente, eu fizesse parte. Não como um bichinho fofo que nasceu com o propósito de ser fofo. Como se alguém viesse me pedir pra segurar a bicicleta enquanto aprende a andar. Eu, logo eu? Eu não sei nada, se bobear vou tropeçar e caímos as duas juntas na lama. Mas você me pede mesmo assim. Deixa eu segurar no guidão e empurrar...

E quando te digo o que acho, você me faz caso. E mesmo quando discordamos, você me leva a sério. Você realmente me leva a sério. E... começo a pensar que talvez as pessoas também se importem. Talvez eu faça alguma diferença na vida delas também. Porque... acho que faço na sua.

(Parece. Eu não sei. Espero que sim. Espero não estar enganada.)

E vou descobrindo cada vez mais, e não sem surpresa, como sou grata por ter te conhecido. Achava que não me impressionaria mais. Mas obrigada por me fazer importante. Obrigada.

sábado, 9 de julho de 2011

168. Displiscentemente

Foi na quarta. Eu andando com alguma pressa à aula, te vejo andando com alguma pressa na direção oposta. Você apressa o passo ao me ver, me dá um abraço rápido, beijo, pergunto como você está. Você diz que bem, mas está super-atrasado. E eu, ok, eu também.

E enquanto me dirijo ao outro prédio, pensando no trabalho que teria de fazer aquela aula e no arroz que tinha feito aquela semana, me pergunto displiscentemente o que raios eu vi em você, naquele tempo. E volto a me preocupar com o arroz.