domingo, 31 de outubro de 2010

131. Ex ces si vo

Repete, Mariá.

Ex ces si vo.


Engole o choro, que você já é grande.


Move on and don't make that mistake again.

130. Cartas

Saudade daqueles que estão por perto. Dar bom-dia de manhã, ver todas as tardes, conversar toda noite. A um e-mail, um telefonema, uma esquina de distância. Mas saudade.

As cartas são sagradas porque nosso coração reside na caligrafia, e seu conteúdo não precisa ser comentado: existe, e é resolvido ali, então.

E você vê, lá no fundo, que tudo é mais que apesar de. É com. É sempre, porque o sempre existe. E o mundo tem seus próprios desígnios, nosso dever é desfrutá-los sem reclamar, sem refletir.

Não é direito de ninguém ferir quem a gente ama, nem mesmo a própria pessoa. E enquanto houver quem vele seu sono, há como dormir em paz.

As coisas são sagradas e a gente nem sabe.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

129. Epifania

"- Eu amo você.
- Ama?
- Amo.

Silêncio.

- E agora?
- E agora nada.
- O que você quer?
- Querer? Nada.
- Nada, nada?
- Só o que você tem me dado.
- Quem ama quer algo além, poxa.
- Mentira.
- Verdade.
- Por que pediria mais do que você me dá? Eu amo o que você me dá, eu amo você; não preciso de mais nada.
- Mais nada?
- Mais nada.

Silêncio.

- Não quer me beijar?
- Se você quiser.
- E se não quiser?
- Também não quero.
- ...o que deu em você hoje?
- Amor não é beijo.
- Não, não é. E o que é?
- Eu estou aqui. Você não sabe?"



Aí eu tive a epifania mais linda deste ano.

128. Tenra

Agora já perdi, playboy. Sou mesmo uma criatura que se alimenta de amor, e que precisa alimentar com amor. O problema é que finjo que não, igual criança orgulhosa doida pra comer o bolo que lhe proibiram antes, mas que agora permitem, com toda bajulação.

É minha única defesa, sou tenra demais. E quando a derrubo, tenho medo que seja doce demais.

Mas fazer o quê? Só sabia mentir para mim mesma, agora nem isso. Sou pateticamente meiga em um mundo - me dizem - duro. Verdade que não é uma meiguice evidente, mas existe, e me assusto quando me enterneço com minhas próprias mãos de floreios ou meus olhos assustados, negros, enormes.

É, é uma derrota. Todo mundo já sabia. Mas minha pena é a mais adorável de todas: criar portas.