sábado, 5 de novembro de 2011

209. Olhos nos olhos

E então olhei pela janela - os campos amarelos e planos de Castilla - e pus Mika para tocar no iPod e pude afastar os maus sonhos por um tempo. Pude até sorrir e pensar que se haviam ido por um tempo, que não assombrariam enquanto estivesse desperta, que hibernassem com o inverno que chega, e que tudo era muito maravilhoso para deixar que eles me azedassem os dias. Pude até pensar que já havia passado.

Eles me viram na janela no metrô, me iluminando desde cima; mas entornei a vista e desci na estação seguinte. Eles me viram nos vidros de um ônibus no qual sem querer me gravei. Me viram em mil vitrines e eu os ignorei. E pensei que era bastante evitar que meus olhos encontrassem meus olhos outra vez.

Mas então encontrei olhos de outros. E me lembrei - tarde demais, mais uma vez - que as melhores palavras são as que calam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário