quinta-feira, 2 de junho de 2011

161. Bela e Fera

Me lembrei de que - há muito tempo, mais de dois anos, nossa, uma vida - eu escrevi um post falando do blog da Talita. De sua sensibilidade, sua argúcia, seu talento com palavras e sentimentos. Não faz nem um ano que descobri que a maioria dos textos lindos que havia lá eram fragmentos de contos de Caio Fernando Abreu.

Foi o ponto final. Se a admiração havia se tornado ágria, naquele momento morreu de vez; e não voltei a acessar aquele blog.

O que dizer quando você percebe que o uma pessoa fala não se escreve, até as últimas consequências? Que o magnetismo, desenvoltura, aparente força e brilho de alguém não são nada mais que um artifício para esconder uma pessoa normal nos bastidores? Uma pessoa normal que se convence - e tenta convencer todo mundo- de que os fogos de artifício são de verdade estrelas?

E de tanto gritar "lobo", ninguém acredita mais. Tudo é fumaça e espelhos, embuste e ilusão, e você não sabe mais o que é truque e o que é coração. Não sei que inocente acredita nisso até o final, mas acreditei por tempo demais e deixei demais que me afetasse. Muito ao contrário dela, meu coração é visível. Pulsa logo abaixo da superfície - esta é que dura demais para deixar que seja tocado.

O fato é que sou de Virgem, ela é de Leão. E que o digam os astrólogos, um humano, mesmo uma donzela, supera a besta. Pode demorar, pode impressionar e ferir com garras sempre afiadas, pode enfeitiçar e machucar, mas uma fera é sempre uma fera. E algum dia - pode demorar, pode demorar - a donzela percebe que, contra o irracional, batalha abandonada é batalha ganha. E segue seu caminho, deixando o animal ferido de morte, sem ninguém que aplauda sua agonia.

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