segunda-feira, 5 de setembro de 2011

187. Sem-vergonha

Eu sou a pessoa mais lerda do mundo.

Hoje, vendo o cenário correr através da janela do carro, pensei em modo de me corrigir: tachinhas. A cada escorregão de lerdeza (ou ingenuidade, também serve) eu pego uma tachinha e enfio no braço. No punho. Na barriga. Na polpa dos dedos. Na parte mole dos pés.

Depois pego algo achatado e empurro. Enfio dentro da carne. Depois taco sal grosso, tiro a roupa, deito no chão do banheiro e fico ali, tacando sal.

Porque preciso aprender. Pre-ci-so-a-pren-der. Isso não muda. Isso nunca muda. E não irei a lugar nenhum se isso não mudar. Sou lerda, tão lerda, tão absurdamente lenta.

E não é uma ofensa barata não. Inteligente eu sou. Não é inteligência. É raciocínio. Eu travo. Eu erro uma vez, duas, mil vezes depois de ouvir a mesma ordem/recomendação/conselho mil vezes. Eu não escuto.

E já tentei arranhões, beliscões, socos na têmpora. Não aprendo, não aprendo nunca.

Talvez seja a hora de ver sangue, pra ver se deixo de ser sem-vergonha.

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