sexta-feira, 25 de novembro de 2011

217. Levantar

Há algumas coisas que gostaria de saber, outras que gostaria de confessar. E cheguei naquele ponto que falamos antes: o de estender a mão e o outro não querer segurar, mesmo reconhecendo que a situação está má. O paradoxo da miséria e o regojizo da própria miséria, chafurdando na dor e na inércia. Eu também tenho isso, mas você disse uma coisa muito verdadeira que me fez refletir, no meu caso. Já tinha pensado nela antes, mas é diferente quando alguém vem e te diz isso. É diferente quando alguém que você gosta começa a se aborrecer e te manda levantar.

E eu não sei como te mandar levantar. Não sei como mandar nenhum dos meus queridos levantar. A mim, que falta mel nas palavras, não sei fazer com que os meus acordem. E me dou conta do insignificante que sou. Não posso curar meus amigos, nem sou tão importante a ponto de eles se curarem por mim. De fazerem algo pelo fato de que a mim sim me importa. Ninguém é tão importante a ponto de desembaraçar o outro.

Naquela tarde momentaneamente mágica, voltando de Madri, comecei a me dar conta. E agora mais uma vez isso me atinge. A amizade é fantástica, mas tem limites. A amizade alivia, mas não cura. Nenhum amigo pode matar o diabo, só pode esperar do lado de fora dos portões do inferno. E depois de tanto conversar com todos eles, tudo o que posso fazer é rezar, porque não posso fazer NADA.

Nada de nada de nada de nada.

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