sexta-feira, 11 de novembro de 2011

213. Cabra-cega

Odeio depender dos outros.

Melhor dizendo: odeio abrir meu coração e esperar a reação alheia.

É como saltar do trapézio sem saber se o outro vai segurar sua mão. Como mergulhar sem saber a profundidade da piscina. Como salada-russa, casamento atrás da porta, ou o nome que for; apontar sem ver que vai ter de beijar (você, apenas; todos os outros já combinaram seus lugares). Como cabra-cega.

Caindo das pedras, sem saber a profundidade, sem ver se segurarão sua mão, e se será forte, seguro como você deseja. Se não será apenas um aperto débil que te custará uma distensão muscular que tarda muito, muito tempo em curar.

E escondo minhas feridas fazendo o esforço de desejar o melhor para o outro. Que tudo bem, perdi, it was a good run, even I have to admit. Que sempre há mil peixes no mar, que um amor recusado é um amor ganho, que Deus fecha uma porta pra abrir uma janela. Que quero que você seja feliz com o que escolheu, ou seja, viver sem mim - ou viver com uma parte ínfima da minha existência, quando eu queria dar e receber mais. Que vamos ser amigos/conhecidos. Que a vida segue, que está tudo bem.

Mas não está bem. Nunca, nunca está bem. Amores ignorados não se curam. E me apaixono (até no sentido amizade da coisa) tão de manso que tenho vergonha de admitir. E eu quero dar e receber com tudo o que você quiser e eu for capaz, sabendo ser a pior mas que posso ser seu anjo, que estarei aqui. E me torno doente, sem entender, sem controlar, chorando de carinho que não posso transmitir. Sem nem ter dirigido a palavra. Sem perguntar o nome da pessoa.

Mas como já comentei aqui uma vez - há muito tempo - as pessoas que mais fizeram diferença na minha vida foram as que entraram sem pedir licença. Nunca aquelas que convidei, que levei até o portão e abri a fechadura. Então eu sento e espero o que o Destino quiser me dar, porque ele coloca um grande "NO U CAN'T, BITCH" naqueles que eu invento de me atrair. Mas nunca antes de eu dar o salto do trapézio, o sol na nuca e os olhos fechados, esperando que funcione, esperando que me agarre, esperando, esperando, desejando, pedindo pelo amor de Deus que desta vez sim, que desta vez pode, que desta vez dará tudo certo.

Nunca funciona. Nunca dá certo. Penso antes do meu coração e meu coração pensa antes do meu bem-estar. E eu quero, de verdade, ver vocês felizes, com ou sem mim. Eu quero, de verdade, ver suas fotos no facebook com aqueles que vocês escolheram, mensagens de amor no msn e vídeos com os amigos no youtube.

Mentira, isso eu não quero não.



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