terça-feira, 21 de setembro de 2010

127. Vento

Você, niñita, se preocupa demais.

"É só o vento, niñita". É o que dizem. Mas eu achava que o vento cantava, em pequena, e hoje em dia ele me escreve.

terça-feira, 20 de julho de 2010

126. Fangirl

"Quando jurei que não ia, eu fui; com passos hibernais e o coração bombeando lava para meu peito, baixo ventre e lábios. Você já estava lá, sorrindo como um coiote, e na mesma hora soube que não poderia, e que não podendo que perderia a grande oportunidade de todas as minhas mil vidas, a chance de se redimir das gaiolas fúteis que me amassaram o coração e me tornaram igual a um ovo: forte por fora e indefesa por dentro. Fechei os olhos, apertando-os levamente, desejando no íntimo que você fosse embora do quarto e levasse a merda daquela lua com você, que ela me atiçava como fosse com ferro. Quando abri, você continuava lá, as pálpebras caídas com uma mansidão indolente, antegozando o meu gozo como quem aguarda a sobremesa. Já me via refletida em sua pele. Já te ouvia suspirar meu nome contra minha boca, entrelaçando suas dedos de junco entre os meus e me pedindo para pedir mais.

Na mesma hora soube que não poderia, claro. Você também soube. Você era, naquele momento, muito mais velho que eu, e as raízes dos costumes me afogavam o 'sim' na faringe naquela hora. Você sabia. E estendeu a mão para enroscar os dedos no meu punho, e me puxou para o leito com delicadeza, expirando em meu pescoço. Me encolhi tal qual um gato contra seu peito - quente, sempre quente, eu sempre tão fria -, resistente por hábito ao seu carinho, e chorei.

Era sua ostra, e era toda sua, toda sua. Mas não era minha, por isso não tive a coragem de me entregar. E se eu pudesse voltar atrás...


Pediria pra beijar minhas lágrimas."




Fangirl é uma das piores raças que existem, ao lado dos emos bizarros, fursuiters e jogadores profissionais de WOW. E eu sei, sou uma delas.

domingo, 15 de novembro de 2009

125. Jeito

Por fim acabou. Nossa. Depois de quase seis meses de amor e angústia, acabou. Com uma conversa, um picolé e a percepção de que ninguém teve culpa de nada. Eu tive. Mas aprendi. E entendi.

Isso foi na sexta.

Ontem, saí. O dia estava lindo. Vi uma exposição do Hellminster e caminhei sem muita pressa pela Avenida Sete. Voltei e, entre pizza e sacanagem na reuniãozinha da minha amiga, travei uma outra conversa com outra pessoa que acho que eu precisava ter.

E fiquei olhando pro meu próprio pé. E percebi que minha agonia não era tanto assim. Tem jeito.




(Repito, repito, repito, "tem jeito". "Tem jeito". "Tem jeito"...)

domingo, 25 de outubro de 2009

124. Quitters

They say quitters never win
but we walk a plank on a sinking ship
there's a world outside of my front door
that gets off me when I'm down.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

123. Indo

Fica tudo calmo. Problemas pequenos, decepções maiores, mas tudo muito calmo. Tudo muito indo. Tudo muito bem.

Vivo dias felizes, porque a falta de notícias é uma boa notícia. Vivo também dias sarcásticos.

sábado, 26 de setembro de 2009

122. Alívio

Ela falou mesmo. Disse que ia e fez. Nossa.

Você me chamou pra conversar. Tem uma desculpa convincente para tanto. Não precisa marcar algo estranho.

E pude me livrar de você, exorcizando cada gota de pecado que me consumia há tanto tempo. Para nunca mais me repetir, para reaprender. Que alívio.








My heart that I broke when I was too rushed,
I'll regain them, to walk like myself.
I will.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

121. Porte

Quero que alguém me dê um murro e eu fique disforme, mole, como argila. Vire apenas uma bola o chão, pronta para ser modelada do jeito certo, bom, interessante para aqueles ao meu redor.

Quero saber como devo me portar para deixar os outros felizes. Quero saber como me portar para ser feliz. Por favor.






(I could be you, if I wanted to)